Cidadão Kane e a Mudança da linguagem do cinema
Imagine um filme dirigido por um rapaz de
26 anos, que fazia sua estréia em cinema, apesar de ter experiência com rádio e
teatro. O resultado da obra é sensacional, modificando a linguagem
cinematográfica dali em diante. Orson Welles é este rapaz, respeitado diretor e
ator, que não conseguiu ter muito sucesso comercial apesar de seus grandes
filmes.
Lançando em 1941, o filme conta
a história da vida de Charles Foster Kane, magnata do ramo de jornais. O filme
é contado quase que todo em flashback, pois começa com a morte do personagem
principal, começando assim a investigação feita por um jornalista para entender
a ultima palavra do cidadão Kane "Rosebud".
O filme inova na fotografia,
conseguindo filmar em ambientes escuros apenas com luz natural, além disso,
podemos ver as mudanças nos planos e enquadramentos do filme para o cinema
convencional da época. Welles usa o Campo e Contra Campo, alternando os dois,
levando o espectador a entender o local da cena apenas com um corte. Ele também
inova no uso do Plongeé, ou seja, a câmera alta acima dos olhos, voltada para
baixa e Contra- Plongeé, que é câmera baixa, abaixo do nível dos olhos, voltada
para cima.
Além dessas mudanças na
técnica, a narrativa do filme não linear, começando do fim, buscando apresentar
os personagens através de flashback, o que é extremamente inovador para época,
além de influenciar as produções a partir daquele momento. Por ultimo, temos
que ressaltar a edição do filme, pois a montagem de uma película feita desse
modo é extremamente difícil.
O filme concorreu a vários
prêmios no Oscar de 1942, ficando apenas com o de Melhor Roteiro Original,
sendo esse o único Oscar que Orson Welles recebeu. Welles mesmo sendo esse
diretor fantástico não conseguiu criar uma carreira sólida, pois sempre quis
controle central de suas obras, e isso nunca foi permitido pelos estúdios de Hollywood.
Mesmo assim é considerado um dos maiores diretores de todos os tempos. A película
tema do texto é indispensável para qualquer admirador da 7ª arte.
Cezar Silva
Professor de História e Pseudo Cinéfilo
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